1877 — Guarantã – Canto Último: o mito da morte do guerreiro
por Cochise César
um guerreiro triste
guarda sua explosão em uma prateleira
talvez a use
provável não.
Guarantã, guerreiro triste
não veste mais a máscara de apocalipse
guerreia um tanto, chora um tanto
carrega derrotas, e derrotas, e derrotas…
Guarantã procura a tribo
dos que não se rendem
dos que nunca aceitam
dos que não escapam
à sina
Guarantã, era bem nascido, e foi como os demais, feliz.
Depois, veio o mau destino, o mau gênio da vida…
Guarantã sonhava ser químico
então foi descoberto pelo mundo
então foi descoberto pela guerra
Guarntã, queria ser químico
e fabricava bombas.
Guarantã…
por que você precisa armar suas mãos?
por que você precisa carregar nas mãos a batalha?
Guarantã
não se encaixa no mundo
porque seu mundo é uma reserva
e esperam que trabalhe
e não rebele
e trabalhe
dia sim
dia sim
dia sim
dia sim
dia sim
dia sim
dia não
e ainda desejam
que dia não
não planeje sua grande explosão
Guarantã
carrega nas mãos um desejo de morte
deseja que tudo acabe
porque tudo é intolerável,
porque existir é sem sentido
porque sua cama não tem amor
Guarantã é um guerreiro
jurou ao si ou aos céus, não importa
o que importa é que jurou
que não vai fácil
Guarantã
aninha seu sonho de construir bombas
acalenta seu desejo de parir explosão
Guarantã
adulto, maduro
um dia descobriu
um dia se viu no espelho
(este covil do adversário)
viu quem se tornara e não queria ser
o anjo cristão, ou judeu, ou maometano, não importa
espada flamejante
vingador
pronto a impor sua verdade
pelo fio
pelo fogo
pronto a forçar sua lei
em quem não queria lei
Guarantã, um dia
adulto, maduro
olhou no espelho, este covil do adversário
e viu que ele era o adversário
Guarantã
guarantã…
um dia,
cresceu