7 meses — me-ta-mor-fo – me-ta-form-ma
por Cochise César
As moiras
Seguem fiando sem se importar
com os destinos humanos que manipulam
com seus olhos cegos
suas unhas tortas
agulhas afiadas
as moiras
seguem manipulando seu tear
Os humanos
seguem puxados por fios
que fingem não ver
e escrevem livros e criam ciência
para os esconder
As sádicas moiras
seguem tecendo
sua tapeçaria
que conta histórias,
a tapeçaria
de criar memórias,
a tapeçaria
de fazer destinos
As moiras
erram,
constantemente
suas mãos tortas calosas e cegas
erram,
constantemente
seus olhos tortos calosos e cegos
erram,
constantemente
sua tesoura
afiada e ativa
aguarda o erro
aguardando instante
em futuro incerto
de certeza plena
de cortar fora
o erro das moiras
outro erro das moiras
mais um erro das moiras
mas há fios rebeldes
há poetas rebeldes
há humanos rebeldes
há lagartas rebeldes
que se acham força para ser pomar
que aprendem a fabricar encontros
fios cortados teimosos
que aprenderam a se remendar
reinventam
transformam
transgridem
os fios cortados
carregados de nós
os fios remendados
exilados e sós
criam seus meios
fabricam sua trama
urdem encontros
se unem em trança
se metem com deus
se metem com as moiras
formam padrões
se metem a trançar
desvendam as artes
exclusivas das moiras
se fazem artistas
se metamorfósem
se metem a mais
se metem a fazer
se metem a fiar
se metamorfasem
se meta amor fazem
se metem a amar