Delicie-se

    As moiras
    Seguem fiando sem se importar
    com os destinos humanos que manipulam
    com seus olhos cegos
                      suas unhas tortas
                      agulhas afiadas
    as moiras
    seguem manipulando seu tear

    Os humanos
    seguem puxados por fios
    que fingem não ver
    e escrevem livros e criam ciência
    para os esconder

    As sádicas moiras
    seguem tecendo
    sua tapeçaria
    que conta histórias,
    a tapeçaria
    de criar memórias,
    a tapeçaria
    de fazer destinos

    As moiras
                      erram,
                                  constantemente
    suas mãos tortas calosas e cegas
                      erram,
                                  constantemente
    seus olhos tortos calosos e cegos
                      erram,
                                  constantemente
    sua tesoura
                         afiada e ativa
    aguarda o erro
    aguardando instante
    em futuro incerto
    de certeza plena
    de cortar fora
    o erro das moiras
    outro erro das moiras
    mais um erro das moiras

    mas há fios rebeldes
    há poetas rebeldes
    há humanos rebeldes
    há lagartas rebeldes
    que se acham força para ser pomar
    que aprendem a fabricar encontros
    fios cortados teimosos
    que aprenderam a se remendar
    reinventam
                        transformam
                                               transgridem
    os fios cortados
    carregados de nós
    os fios remendados
    exilados e sós
    criam seus meios
    fabricam sua trama
    urdem encontros
    se unem em trança
    se metem com deus
    se metem com as moiras
    formam padrões
    se metem a trançar
    desvendam as artes
    exclusivas das moiras
    se fazem artistas
    se metamorfósem
    se metem a mais
    se metem a fazer
    se metem a fiar
    se metamorfasem
    se meta amor fazem
    se metem a amar

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